Estudos do Cepea apontam que somente os gastos no setor de alimentos e bebidas devem ter acréscimo na ordem de R$ 2 bilhões
Acervo Notícias da Pecuária
Hortaliças, frutas e legumes
O setor hortifrutícola tem muito a ganhar com a Copa do Mundo. Há expectativas de aumento de consumo durante o evento, de melhoria na logística de distribuição desses alimentos e maior visibilidade dos produtos brasileiros no exterior. A equipe da revista Hortifruti Brasil, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, avalia na edição deste mês as principais oportunidades que este megaevento pode proporcionar ao setor, incluindo projetos de incentivo à produção e consumo de frutas e hortaliças.
Estudos apontam que somente os gastos no setor de alimentos e bebidas devem ter acréscimo na ordem de R$ 2 bilhões. O Ministério do Esporte prevê que o Brasil receba de 500 mil a 600 mil turistas estrangeiros e que cerca de 3 milhões de brasileiros também se desloquem para as 12 cidades-sede da Copa. Calculando-se somente o consumo adicional de hortifrutícolas pelos estrangeiros – considerando-se 350 gramas por pessoa/dia –, chega-se ao total de aproximadamente 5.250 toneladas em um mês – o evento vai de 12 de junho a 13 de julho de 2014.
Para atender essa demanda extra, pesquisadores do Cepea destacam a necessidade de que hortifruticultores comecem a se organizar desde já, além de desenvolverem estratégias próprias que proporcionem continuidade das vendas também após a Copa.
No entanto, conforme pesquisa realizada pela equipe Hortifruti Brasil/Cepea com seus colaboradores – produtores, atacadistas e exportadores –, o setor ainda não começou a se planejar. Na avaliação dos entrevistados, há dificuldades em se realizar uma ação conjunta de promoção do consumo de frutas e hortaliças nacionais durante o evento e iniciativas nesse sentido teriam de partir de alguma associação, instituição ou de uma rede atacadista de grande porte.
Nesse sentido, uma alternativa apontada pela HF Brasil aos diversos agentes do setor seria participar de programas de incentivo ao fornecimento de serviços e produtos já estruturados. O programa Sebrae 2014, por exemplo, entre outras ações, prevê apoio ao cultivo e à comercialização de frutas e hortaliças, e o Projeto Copa do Mundo FIFA 2014, da Agência Brasileira de Exportação e Investimentos (Apex), contempla a participação (com despesas pagas pelo programa) de compradores e formadores de opinião internacionais em agendas de negócios durante a Copa. Há ainda projetos voltados a produtos orgânicos e a alimentos típicos brasileiros como a mandioca, o açaí e o caju.
Com a grande visibilidade proporcionada pelo evento, o setor pode trabalhar para ampliar também o consumo posterior de hortifrutis tanto no País como no exterior. Nesse sentido, podem ser destacadas três oportunidades: promoção de frutas exóticas, de sucos de frutas “naturais” (100% suco) e de produtos com apelo verde-amarelo.
Entre as frutas consideradas exóticas, a equipe Hortifruti Brasil chama a atenção para o caju e o açaí. Do caju, pode ser estimulado o consumo do suco, do hambúrguer feito com a polpa e também a utilização do bagaço na ração de gados e aves. Quanto ao açaí, pode-se investir na utilização da fruta in natura em pratos típicos e também no consumo da polpa.
O mercado de sucos “feitos na hora”, pouco difundido em outros países, também pode ser explorado durante e após o evento. Já para a decoração de pratos, alguns produtores podem investir em produtos com coloração verde-amarela, como a abobrinha brasileira, desenvolvida pela Embrapa, e que apresenta as cores predominantes da bandeira do Brasil.