05/03/2013 - 13:30
ABCZ registrará somente bezerros Zebu pura raça em janeiro de 2014
ABCZ não irá mais registrar produtos de vacas receptoras meio-sangues
As novas regras da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), que permitirão registrar somente bezerros nascidos de transferência de embrião cujas receptoras (?mães de alguel?) tenham 100% de sangue zebuíno, estão provocando polêmica entre fazendeiros, seus representantes e empresas de gen?tica.
Para Franco Baruselli, presidente da Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões (SBTE) e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), a medida ? restritiva e terá impacto ?desastroso? num setor em que o país ? líder de mercado, com participação de 37% no 1,1 milhão de transferências feitas ao ano em todo o mundo.
Na outra margem, Luiz Antonio Josahkian, superintendente da ABCZ e tamb?m professor universitário, defende a normativa (prevista para vigorar a partir de janeiro de 2014), argumentando que ela objetiva o fomento e a preservação das raças zebuínas do ponto de vista t?cnico ou econômico.
Receptoras?
Segundo Baruselli, na última d?cada, o Brasil aumentou sete vezes a quantidade de bezerros nascidos de transferência de embrião e sempre foram utilizadas, como receptoras, al?m das zebuínas, fêmeas meio-sangues.
Como se sabe, as receptoras não transmitem suas características aos filhos. ?Do ponto de vista econômico, o criador terá enorme dificuldade para encontrar receptoras zebuínas devidamente registradas pela ABCZ e aptas para receber o embrião? diz. Com um p? na barca do nelore e outro na do europeu (angus), o pecuarista Paulo de Castro Marques concorda com Baruselli e adverte que a medida da ABCZ irá causar confusão e constituir, na prática, reserva de mercado.
Josahkian pede calma: ?Passado o impacto da implantação da normativa, a m?dio e longo prazos o retorno do pecuarista ? grande, visto que as fêmeas zebuínas têm maior vida útil e são mais adaptáveis.? Para ele, do ponto de vista da eficiência, o local demandado para uma receptora não zebuína poderia ser utilizado por duas vacas zebuínas, pois estas últimas ocupam espaço menor, consomem menos e seu manejo sanitário ? pouco exigente. De acordo com Jasahkian, as raças zebuínas constituem mais de 80% do rebanho brasileiro. Oferecem, portanto, um amplo leque de matrizes aptas a ser receptoras de embriões de alta qualidade.
Revista Globo Rural, edição de março n.º29