Notícias sobre agronegócios, agricultura, pecuária e meio ambiente - 24 de Julho de 2014
26/09/2013 - 06:08

Produtores conhecem novas cultivares de trigo irrigado

O País importa 50% do trigo que consome. Se o dólar sobe, aumenta o preço do trigo, e a população pobre é a que mais sofre, afirmou o chefe-geral da Embrapa Cerrados, José Roberto Peres.
cortesia Embrapa Cerrados
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Durante Dia de Campo realizado no Plano de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD-DF) no dia 13 de setembro, produtores do DF e região conheceram novas linhagens de trigo irrigado que serão lançadas como cultivares pela Embrapa at? 2015. O evento foi promovido na Fazenda Nativa, do produtor Valdemiro Cenci, numa parceria entre Embrapa Cerrados, Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS), COOPA-DF e Emater-DF. Participaram mais de 200 produtores e t?cnicos, que acompanharam quatro estações t?cnicas.

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Na abertura, o chefe-geral da Embrapa Cerrados, Jos? Roberto Peres, falou que ?o futuro do trigo no Brasil está no cultivo tropical, seja irrigado ou sequeiro, mas ? preciso haver políticas públicas para viabilizar o beneficiamento dos grãos. ?“O trigo só ? viável se o moinho estiver próximo à lavoura. ? preciso convencer a quem decide sobre a necessidade de construir moinhos no Centro-Oeste. O País importa 50% do trigo que consome. Se o dólar sobe, aumenta o preço do trigo, e a população pobre ? a que mais sofre?”, afirmou.

?Safra ?– Na estação sobre manejo das cultivares de trigo no Cerrado, o pesquisador Julio Albrecht, da Embrapa Cerrados, acompanhado pelos pesquisadores Jorge Chagas e Márcio Só e Silva (Embrapa Trigo), comentou sobre a safra 2013 de trigo irrigado e as novas cultivares para o Cerrado.

Albrecht destacou que muitos produtores estão colhendo at? 120 sacas/hectare de grãos com excelente qualidade industrial com as cultivares BRS 254 e BRS 264 na safra atual. ?“Foi um ano bastante favorável para o trigo no Cerrado. As plantas tiveram um bom desenvolvimento e o clima contribuiu para isso. Com a quebra da safra no Sul do País, o preço da saca está variando de R$ 50 a R$ 60 no Centro-Oeste, o que representa retorno econômico superior ao da cultura do feijão. Al?m disso, os moinhos do Brasil Central estão com dificuldades para abastecer-se de trigo, e dependendo das condições climáticas, poderá haver uma quebra de safra ainda maior no Sul, região tradicionalmente produtora de trigo no País, o que favorece a liquidez da produção do trigo do Centro-Oeste?”, observou.

?O pesquisador lembrou que a menor ocorrência de chuvas e a baixa umidade durante o ciclo de desenvolvimento das plantas levou à baixa incidência da brusone no trigo. ?“Foi baixa a incidência da doença para quem plantou após o dia primeiro de maio, e isso garantiu maiores produtividades?”. Ele acrescentou que o uso de fungicida já no estágio de emborrachamento permite um maior controle da brusone.

?No caso das manchas foliares (mancha amarela e mancha marrom), foi observada maior incidência nesta safra, provavelmente devido às temperaturas mais altas que ocorreram este ano durante o ciclo do trigo. ?“Os produtores devem monitorar diariamente as suas lavouras e fazer aplicações preventivas de fungicidas para o controle dessa doença?”, alertou.

?A maior densidade de sementes no plantio tamb?m levou à produtividade mais alta ?– as melhores respostas foram com densidades de 200 kg de sementes/hectare para a BRS 264 e 185 kg de sementes/hectare para a BRS 254. O pesquisador chamou a atenção para o correto uso do redutor de crescimento, que teve ser aplicado no estágio de primeiro nó visível na dosagem de 0,5 litro/hectare. ?“? uma tecnologia barata para quem busca alta produtividade, mas o atraso na aplicação prejudica o desempenho da cultura?”, disse.

Sobre manejo de irrigação, ele lembrou que a Embrapa Cerrados disponibiliza na internet as recomendações para irrigar sem causar acamamento das plantas (http://hidro.cpac.embrapa.br). ?“O manejo correto da irrigação ? muito importante, al?m de ser fácil de ser realizado no caso do trigo, que ? uma cultura de 125 dias de ciclo. Mas a deficiência ou o excesso de umidade no solo compromete a produtividade e a qualidade dos grãos?”, apontou o pesquisador.

?Linhagens ?– Albrecht apresentou quatro novas linhagens, das quais duas serão lançadas como cultivares com foco na qualidade de grão e na alta produtividade. Em condições experimentais, a produtividade chegou a 10 toneladas/hectare. A força de glúten das linhagens ? superior a 250, o que atende aos requisitos da indústria. ?“Com esses materiais, esperamos de 8,0 a 8,5 toneladas/hectare em nível de produtor?”, disse o pesquisador.

?As futuras cultivares têm ciclo de 120 a 125 dias, plantas mais baixas que as das cultivares BRS 254 e BRS 264, facilitando o manejo, que deve ser feito sob as mesmas recomendações t?cnicas. Segundo Albrecht, as maiores produtividades deverão ser alcançadas nos plantios realizados na primeira quinzena de maio. Em termos de tolerância a algumas das principais doenças que afetam a cultura do trigo irrigado, os materiais são um pouco mais tolerantes que a BRS 264 para brusone e um pouco mais tolerantes que a BRS 254 para as manchas foliares.

?Ao final da apresentação, os participantes do Dia de Campo percorreram a área onde as quatro linhagens foram plantadas e, a pedido dos pesquisadores, analisaram as características das plantas e votaram nas duas linhagens que mais lhes chamaram a atenção. ?“Temos sempre a preocupação de atender as demandas do produtor e da indústria moageira. A opinião de vocês ? fundamental para a escolha dos materiais a serem lançados?”, disse Albrecht. Os materiais serão disponibilizados para os produtores de sementes em 2014, devendo ser lançados no mercado no ano seguinte.

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