A cana é uma boa alternativa de suplemento volumoso para a seca quando se pensa em diminuição dos custos de produção, seja ela fornecida in natura ou ensilada.
? chegado o período da seca e a produção de leite a pasto começa a ser afetada por condições climáticas severas, marcadas principalmente pela falta de chuvas. Nesta ?poca do ano, a rebrota das forrageiras ? lenta e não há produção significativa nas pastagens, sendo o produtor obrigado a fornecer alimento no cocho, o que despende maior tempo e maiores gastos.
A programação de volumosos para este período ? de fundamental importância para o sucesso da atividade, sendo o uso de volumosos alternativos e subprodutos um pensamento constante do produtor de leite.
Diversas são as fontes para suplementação volumosa do gado leiteiro,destacando-se no Brasil o uso da cana de-açúcar, fornecida em sua forma in natura ou ensilada.
Não ? novidade que a cana ? um volumoso de destaque na alimentação de bovinos, em razão da pequena taxa de risco em sua utilização, da alta produção por área, do baixo custo por unidade de mat?ria seca produzida e da maior disponibilidade nos períodos de escassez de forragens nas pastagens.?
Mas, existem limitações quanto ao consumo desta forrageira pelos bovinos, particularmente os de raças leiteiras com níveis m?dios e altos de produção, decorrentes principalmente da baixa digestibilidade da fibra. Al?m disso, o baixo teor de proteína, o alto teor de carboidratos solúveis rapidamente fermentáveis e o baixo teor de minerais, notadamente fósforo, cálcio e potássio, tamb?m são considerados fatores limitantes ao consumo dos animais.
?Por isso, ? necessário adicionar a este alimento compostos nitrogenados degradáveis e proteína não degradável no rúmen, bem como elementos minerais para obtenção de desempenho animal satisfatório.?
Para isso, podem ser adicionados farelos proteicos (algodão, soja, amendoim entre outros) ou fontes de nitrogênio não proteico, entre os quais o mais comum ? a ureia. Como o uso de farelos ? muito dispendioso, a ureia ? utilizada de forma eficaz.?
Muitos produtores ainda utilizam a cana-de-açúcar in natura sem adição de ureia, muitas vezes por não conhecerem seus benefícios ou at? mesmo por medo, já que o seu uso incorreto pode levar à intoxicação e morte de animais.
Para realizar a correção de cana in natura, fique atento a esta dica: Para cada 100 quilos de cana picada, dilua 900 gramas de ureia com 100 gramas de sulfato de amônio (fonte de enxofre) em 10 litros de água. Regue toda massa uniformemente e misture antes de fornecer aos animais. Mas atenção, antes de iniciar o uso de ureia ? necessário que os animais ainda não adaptados passem pela adaptação, diminuindo a dose pela metade na primeira semana e aumentando-a progressivamente.
?Outras dicas importantes: Pique a cana com o menor tamanho de partícula possível. Diferente de outros volumosos, quanto mais fino, melhor o seu aproveitamento. Dê preferência por utilizar somente o colmo, retirando as folhas; Antes regar a massa, verifique se os cochos estão nivelados evitando o acumulo de ureia em apenas uma extremidade. Divida o volumoso em no mínimo duas refeições; Sempre tenha à disposição para os animais sal mineral e água à vontade. Apesar da facilidade em realizar a correção da cana para seu fornecimento in natura, um dos grandes entraves para o seu uso ? a logística do corte diário, o que tem elevado o número de fazendas que optam por sua ensilagem. A principal vantagem da ensilagem da cana-de-açúcar ? a redução da mão de obra.
Por?m, apesar da ensilagem ser uma boa opção, os produtores devem estar cientes da necessidade da utilização de um aditivo, o qual deverá inibir a população de leveduras produtoras de álcool que diminuem o valor nutricional da silagem.
?A cana ? uma boa alternativa de suplemento volumoso para a seca quando se pensa em diminuição dos custos de produção, seja ela fornecida in natura ou ?ensilada. Cabe ao produtor decidir, juntamente com o t?cnico de sua confiança, a forma de fornecimento que mais se enquadre à sua realidade e garantir a boa nutrição do gado neste período tão difícil do ano.
* Artigo Publicado no Revista Produtor Itamb? nº 43, ano 4, de julho de 2013, por Leonardo Manoel Duarte Ferreira, Zootecnista formado pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e t?cnico de captação de leite da CCPR/Itamb? em Guanhães.