Com o tema “Efeito do afago pré-parto sobre o cortisol do leite em vacas Gir Leiteiro”, pesquisadores do Instituto de Zootecnia (IZ), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo em parceria com Universidades de São Paulo e Minas Gerais, receberam certificado por ser selecionado entre os melhores trabalhos apresentados no Workshop Temple Grandin de Bem-Estar Animal.
O reconhecimento foi da pesquisadora e professora da Universidade do Estado do Colorado Mary Temple Grandin, uma das maiores autoridades mundiais em bem-estar de animais de produção. A cerimônia ocorreu durante o Workshop, em São Paulo/SP.
A equipe de pesquisadores que recebeu o reconhecimento é formada por Lenira El Faro Zadra Maria Lucia Pereira de Lima, Aska Ujita e Rogério Ribeiro Vicentini, do Instituto de Zootecnia; Amanda Cristielly Nunes de Lima e Dayanne Cristina Ferreira da Silva, da Universidade de Uberaba; Luiza Rocha Mangucci, do Instituto Federal do Triângulo Mineiro; João Alberto Negrão, da USP-FZEA Pirassununga; e Renata Veroneze, André Penido Oliveira, Leonardo de Oliveira Fernandes, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
“O prêmio é um reconhecimento ao trabalho e dedicação da equipe, que por dois anos, compartilhou experiências e companheirismo”, destaca Lenira.
O tema estudado, segundo Lenira, é muito relevante, pois as raças zebuínas leiteiras possuem certas particularidades quanto à ordenha, principalmente porque as vacas necessitam da presença do bezerro na sala de ordenha para que haja a ejeção do leite. “O resultado que encontramos, aplicando um simples manejo, indicou que há várias possibilidades para a continuidade e aprofundamento dos estudos, envolvendo populações maiores e informações genéticas”, enfatiza a pesquisadora.
Segundo estudos, as raças zebuínas (Bos taurus indicus) são, em geral, mais reativas e temperamentais em comparação com as raças taurinas (Bos taurus taurus). Animais com alta reatividade ou baixa docilidade são indesejáveis em uma propriedade pecuária pela dificuldade de lida, e não sendo bem-vindos, principalmente, em um sistema de produção leiteira, onde o contato é rotineiro e próximo. “Um animal com tal característica pode apresentar perigo e estresse para si mesmo, para outros animais e também para os manejadores”, detalha a pesquisadora do IZ.
O trabalho que recebeu o apoio financeiro da FAPESP teve por objetivo foi avaliar o efeito da estimulação tátil em vacas Gir Leiteiro no período pré-parto sobre o cortisol do leite. O experimento foi conduzido no Campo Experimental Getúlio Vargas da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Uberaba, Minas Gerais, Brasil). Utilizaram-se dois tratamentos com 21 animais cada, no qual um grupo recebeu afago antes do parto e outro não.
O treinamento ocorreu no brete, 30 dias pré-parto, duas vezes ao dia por cinco minutos por animal, durante 14 dias, escovando-se todo o corpo das vacas. Durante a lactação foram colhidas amostras de leite nos dias de lactação na sala de ordenha.
O leite foi congelado a menos 20ºC para análise de cortisol por meio de kits imunoemzimáticos específicos (Bethyl Laboratories Inc., Montgomery, TX, USA). Os efeitos de tratamento e mês de coleta (MC) foram significativos sobre os níveis de cortisol (P<0,05 e P<0,01, respectivamente), sendo que a média de cortisol para o grupo que recebeu o afago foi menor. O treinamento foi efetivo para reduzir o cortisol do leite, sugerindo que animais que têm interação humano-animal positiva no período pré-parto são menos estressados.