11/04/2014 - 17:34
Os preços do leite e carne resistem queda
A inflação dos alimentos, responsável por mais da metade do ?ndice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 0,92% em março, pode não ter somente efeito temporário.
Rogério Fernandes - Emater/RS-Ascar
Alguns produtos agrícolas têm mostrado resistência na alta, o que, segundo Mauro Lopes, coordenador de Projetos do Centro de Estudos Agrícolas da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), deduz a avaliação que parece predominante no governo de que há sinais de acomodação dos preços dos alimentos.?
?Produtos como a carne e o leite há tempos estão com seus preços em trajetória de alta. Os itens de hortifrútis, sim, são sazonais, mas a carne, especialmente a bovina, e laticínios não são mais?, explicou Lopes.
Segundo o especialista, os índices que medem os preços ao produtor indicavam alta no atacado. Para o produtor paulista, por exemplo, os preços do boi gordo subiram 10% desde o início do ano. Já no atacado com osso, as peças acumularam alta de quase 20% no período. Lopes atribui a pressão de alta da carne bovina ao aumento da renda do brasileiro, com programas de transferência de renda e reajustes do salário mínimo.?
?Não sou contra as políticas sociais, mas há um preço, que ? o aumento do consumo e da inflação. Tem essa pressão e a melhor coisa que se pode fazer ? o governo não atrapalhar. Mas nós estamos vivendo, sim, pressão de alimentos, com uma inflação de demanda.??
De acordo com Jos? Carlos Hausknecht, engenheiro agrônomo e sócio da MB Agro, destacou que não ? apenas a demanda interna que sustenta os preços da carne bovina. ?Há uma procura externa muito grande, ainda mais em um cenário no qual nossos principais concorrentes, como Estados Unidos e Austrália, estão com problemas de fornecimento da mat?ria-prima.? A melhor remuneração no exterior acaba influenciando nos preços do produto no mercado interno.
Jornal O Estado de S. Paulo