A competitividade do mercado e a demanda por produtos diferenciados torna a pecuária cada dia mais exigente na produção do gado de corte para atender o mercado consumidor.
?
Segundo o consultor t?cnico de corte da Alta, Rafael Mazão, ?os criadores que não se adequarem a esta condição com eficiência, automaticamente perderão espaço no mercado. Devido ao valor da terra e custos de produção, a pecuária moderna exige alta produtividade, qualidade e viabilidade econômica. A pecuária deve ser de precisão, e o sinônimo de precisão ? melhoramento gen?tico aliado à uma boa gestão de atividade?.
?
Como dizem os mais experientes: ?A boa compra faz um bom negócio?.? Ou seja, ao comprar o bezerro ou novilho para recria ou engorda, o bom negócio ? feito no ato da compra e irá sustentar a viabilidade com boa gestão e planejamento dos recursos para manter a atividade at? a venda. ?? fundamental elaborar no projeto ?o time? ideal para a realização dos produtos, lucrando em todas as etapas?, afirma Mazão.
?
Com os valores da arroba do bezerro valorizados atualmente, quem não realiza cria no rebanho o ideal ? fazer uma boa compra e recriar at? o abate, devido ao maior retorno sobre o capital investido.
?
Pecuaristas que realizam somente recria estão escassos e a atividade está muito próxima da ?extinção?. Com a evolução da gen?tica e seleção de rebanhos profissionais na atividade de cria, os desmames se aproximam de oito arrobas aos oito meses de idade. Mas, o abate ? antecipado desde que o manejo da curta recria e engorda sejam ideais. A gen?tica só responde quando são oferecidas condições nutricionais, sanitárias e conforto aos animais. Portanto, a meta atual ? o animal 20/20, ou seja, levar ao frigorífico o animal com 20 arrobas aos 20 meses de idade.
?
Os maiores indicadores do valor da arroba do gado de corte são: o dólar e as exportações. ?Infelizmente a valorização não ? proporcional, mas reflete na pecuária sempre que existe um cenário favorável ao aumento do dólar e aquecimento das exportações de carne. De fato, a lei da oferta e a demanda interna determinam a regra do preço?, diz Rafael.
?
O Brasil lidera o ranking de maior exportador de carne bovina do mundo desde 2008. Em 2014 exportou 1,24 milhões de toneladas de carne?in natura?(conservada em seu estado natural), com crescimento de 5% em relação ao ano de 2013, segundo dados da ABIEC ? Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne ? 2014.??No cenário atual do agronegócio quem comanda ? o pecuarista, por mais que a cadeia frigorífica tente intervir, ?quem dá as cartas? ? o produtor rural?, acrescenta.
?
A oferta do boi gordo está escassa e a demanda por alimento ? cada vez mais notória, seja no Brasil ou em países estrangeiros em estado de emergência, como a ?ndia e a China.
?
O rebanho bovino brasileiro possui 193 milhões de cabeças com gen?tica 80% zebuína. De acordo com dados da ANUALPEC (2013) ? Anuário da Pecuária Brasileira, a produção anual ? de 53 milhões de bezerros. ?Produzir não ? a nossa maior dificuldade, mas, sim, fazê-la de forma eficiência e viável?, diz Rafael.
?
Embora os custos de produção tenham aumentado, a comercialização do boi gordo e do bezerro está mais oportuna em comparação aos anos anteriores. No entanto, a boa gestão ? inevitável para os melhores rendimentos da atividade.
?
Al?m disso, a ociosidade da terra (baixa capacidade de suporte e/ou pastagens degradadas) ? o fator que agrega o custo ao produto final. A terra representa o maior valor investido na pecuária (R$/ha/ano - real por hectares ao ano) e quando não explorada corretamente torna-se uma vilã para a viabilidade, devido ao grande capital ativo imobilizado com baixo retorno dentro da atividade.
?
A ?fórmula? ideal para o sucesso na pecuária de corte ? a junção da boa compra de um produto de qualidade, com manejo eficiente, gestão do controle dos custos e planejamento de venda.
?
Considerando a m?dia dos valores estabelecidos para bezerro e boi gordo na região central do Brasil anunciados em junho de 2015, a aquisição de um bezerro pesando 7,5 arrobas aos oito meses de idade, com custo da arroba de R$200,00 ou US$64,5 em relação ao câmbio de R$3,10, este bezerro custaria R$1.500,00.
?
A venda do boi gordo com 20 arrobas, ideal aos vinte meses (ciclo curto), o preço estipulado ? de R$2.800,00 ou US$903,20 por cabeça, considerando o valor de R$140,00 por arroba, referência do mesmo período e câmbio da compra do bezerro. A previsão ? uma relação de troca de 1,86 bezerros para cada boi gordo vendido.
?
?Atualmente esta relação de troca está em baixa, principalmente, em comparação ao mercado dos últimos cinco anos. O bezerro não era tão valorizado como hoje.Portanto, a eficiência da compra e a gestão da recria e engorda serão responsáveis pela diferença no rendimento líquido ao final da atividade, quando o boi estiver no gancho para venda?, conclui Mazão.
Autor: Rafael Mazão
Zootecnista, especialista em julgamento das raças zebuínas, diretor t?cnico da Dstak Assessoria Pecuária e consultor t?cnico do Departamento Corte da Alta.