Notícias sobre agronegócios, agricultura, pecuária e meio ambiente - 14 de Dezembro de 2015
27/07/2015 - 14:21

Artigo: Identificação animal como estratégia de defesa sanitária

Artigo de autoria das pesquisadoras da Embrapa Gado de Corte, Thaís Basso Amaral e Vanessa Felipe de Souza.
Dalizia Aguiar/Embrapa Gado de Corte
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Manejo sendo realizado em animal identificado com chip eletrônico
Kadijah Suleiman/Embrapa Gado de Corte
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Vanessa Felipe de Souza, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte
Kadijah Suleiman/Embrapa Gado de Corte
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Thaís Basso Amaral, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte

A globalização resultou no aumento da comercialização internacional de animais e de seus subprodutos. Por?m, as doenças infecciosas são uma das principais barreiras para a expansão deste com?rcio. Todavia, para o Brasil se manter como o primeiro exportador mundial de carne bovina ? necessário reforçar as medidas de controle sanitário, sendo o principal desafio manter e expandir a área livre de febre aftosa, especialmente porque outros países da Am?rica do Sul ainda são endêmicos ou apresentam surtos esporádicos da doença. Em países como o Brasil, cuja produção ? caracterizada por deslocamentos entre propriedades e com distintos sistemas de criação, a identificação individual ? importante para assegurar a rastreabilidade do processo produtivo. Para o produtor, antes mesmo da rastreabilidade em si, a identificação permite otimizar o controle interno da atividade pecuária, facilitando a gestão da propriedade rural.

Concomitante ao crescimento da pecuária brasileira, o mercado global está cada vez mais atento tanto à qualidade da carne, como à inocuidade do produto final, à eficiência do sistema de produção, bem como à atenção ao bem-estar animal. Essas demandas foram desencadeadas pela exigência da sustentabilidade da cadeia produtiva, e foram intensificadas com a descoberta da doença da vaca louca em 1996, na Europa, al?m do constante risco da ocorrência de febre aftosa. Em adição, o mercado consumidor passou a exigir o rastreamento do alimento na cadeia produtiva, al?m da transparência no processo. Assim, ? estrat?gico para o País adotar ações padronizadas que resultem em alimentos seguros, com garantia de origem, e associados à sustentabilidade produtiva.

Para garantir a rastreabilidade de toda a vida do animal at? a comercialização do produto final, qualquer sistema deve passar pelo controle individual. A identificação ? a chave para o registro de todas as ocorrências e práticas de manejo. ? um procedimento essencial que possibilita a avaliação do desempenho do rebanho e sua higidez sanitária, o que contribui para a tomada de decisões administrativas. Al?m disso, atende às normas e aos procedimentos em boas práticas agropecuárias, para garantir ao mercado alimentos de qualidade e livres de resíduos e contaminantes de qualquer natureza.

Destaca-se, ainda, seu papel no sucesso das ações de defesa sanitária animal que, dependendo do sistema de identificação utilizado, pode fornecer informações relevantes em tempo real. Outra vantagem ? que a adoção de um sistema de rastreio eficiente atende às exigências de com?rcio internacional e condições sanitárias regulamentadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

Como exemplo desses benefícios, a identificação individual dos animais localizados na fronteira entre Paraguai e Mato Grosso do Sul resultou no reconhecimento do local como zona livre de febre aftosa com vacinação pela OIE, quatro anos após a implementação da Zona de Alta Vigilância (ZAV) nesta fronteira. Destaca-se que o Estado possui doze municípios na linha de fronteira com o Paraguai, o que corresponde a 30% do território e 17% de seus bovinos.

Entre os sistemas de identificação animal, a tatuagem na face interna do pavilhão auricular, marcas a ferro quente e brincos numerados são os mais utilizados. No entanto, a diversidade de raças e manejos, a tatuagem e marcação a ferro em animais de pelagem escura ou excesso de pelos, e os erros na transcrição manual de dados (associados ao labor e pouca eficiência) motivou a procura por m?todos mais eficientes.

Em relação à marcação a ferro quente, al?m do desconforto causado ao animal, pode danificar o couro se não atendidas as recomendações da Lei nº 4.714, de 29 de junho de 1965, com consequente redução do valor desse. No caso dos brincos, a perda anual varia entre 3% e 15%, de acordo com a raça e o tipo de ambiente, o que favorece erros no processo de rastreabilidade e perdas para o produtor. O brinco pode causar ainda um processo traumático e lesões da pele, o que propicia a instalação de infecções e bicheiras.

Por outro lado, a utilização de dispositivos eletrônicos?como?transponders?(RFID), balanças eletrônicas, GPS, leitores de códigos de barras, sensores de biometria, entre outros,?? sem dúvida a forma mais segura e eficiente para identificação de animais,?pois elimina erros na transcrição manual de dados, bem como a necessidade de contenção do animal.

Com informações sobre as ocorrências relevantes ao longo da vida do animal como vacinas, regime alimentar, variação de peso, indícios de febre, ocorrência de cio e parto, entre outras, ? possível rastrear a origem de problemas ao longo da cadeia de produção, al?m de permitir o monitoramento da saúde do animal, ajustar o manejo, al?m de embasar com segurança a tomada de decisão quanto a compra e venda de animais, e estimar a previsão de lucros, por exemplo. Assim, ? possível atingir o efetivo controle da produção desde o nascimento dos animais at? o fornecimento do produto final na gôndola, melhorando a produtividade e a eficiência do processo produtivo.

Independente do m?todo, a identificação individual de animais contribui de forma inconteste com informações para estrat?gias de combate a doenças, monitoramento da eficiência de vacinas, consolidação de sistemas de informação e vigilância nos âmbitos nacional e internacional, redução de inconsistências de identificação tanto durante a inspeção quanto em diagnóstico clínico e laboratorial, e otimização do efetivo controle de movimentação animal, seus produtos e subprodutos. ?, portanto, elemento essencial em qualquer estrat?gia de segurança e defesa sanitária animal.

Autoras: Thaís Basso Amaral e Vanessa Felipe de Souza
Pesquisadoras da Embrapa Gado de Corte

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